Estrela Nova celebra 34 anos de história

No dia 15 de julho, o Movimento Comunitário Estrela Nova completou 34 anos desde a sua fundação. Para comemorar a data e lembrar dos primeiros passos da instituição para chegar aos projetos que são conhecidos hoje, fundadores, amigos e membros da diretoria e conselho participaram de um tradicional almoço.

Uma vez ao ano, os fundadores e demais colaboradores reúnem-se em volta de uma mesa para um almoço especial preparado pela organização. Neste ano, o encontro aconteceu no último 17 de julho, numa tarde de celebração e resgate de memórias.

A abertura do evento aconteceu com o coral formado pelos colaboradores do Estrela Nova, que se apresentou pela primeira vez em público para homenagear os fundadores, embalando a todos com as músicas “Baião de Nina” e “Cirandeiro”.

Maria Martins Rosa, de 75 anos, carinhosamente chamada de Tia Tê, foi uma das mulheres que participaram do nascimento do Estrela Nova, além de também ter feito parte do primeiro grupo de professoras da escolinha. Empolgada com a cantoria, juntou-se ao coral e conduziu a música que, por muitos anos, fez parte da sua relação com as crianças da instituição: “A menina da Lanterna”.

Enquanto o coral cantava ao seu comando, Tia Tê se emocionou ao recordar os velhos tempos, comovendo a todos. Saudosa, ela comentou: “O Estrela Nova cresceu! Tivemos momentos bons e momentos muito difíceis, de tanto esforço que trabalhamos, mas estou feliz de ver o que eu vejo hoje”.

Decorada com flores e bexigas, a varanda da instituição ficou repleta de sorrisos: dos fundadores Emi, Jos, Dona Cida, Dona Lourdes, Darcy, Cido e Tia Tê; dos conselheiros Lucio Costa, Sidney da Silva e Tessy Hatzschel; e dos demais amigos como Lourdes Pigozzi, Márcia Costa, Sandra Martins, Cátia de Souza e Vinícius Veríssimo.

É nesse momento de reencontros, bate papo, recordações e até emoções, que se renova a ideia por de trás de toda mobilização acontecida no início dos anos 80: a união, o amor e a ajuda ao próximo.

O Estrela Nova agradece aos fundadores pela força e dedicação com que trabalharam para que a organização nascesse. E também agradece aos atuais colaboradores, diretores, conselheiros e amigos, que dão continuidade e fortalecem esta importante iniciativa.

Nossas Estrelas: Maria de Deus

Em meados dos anos 1980, enquanto o Brasil lutava pela redemocratização, algumas pessoas se mobilizavam nos bairros mais distantes do centro de São Paulo para discutir e propor melhorias de vida. Foi o que aconteceu no Campo Limpo, quando moradores começaram a pensar no que poderia ser feito para ajudar as mães que precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar seus filhos. Uma delas era Maria Aparecida de Deus, hoje com 72 anos, que uniu forças com outras mulheres e idealizaram a creche, onde atualmente está o Centro de Educação Infantil (CEI) do Movimento Comunitário Estrela Nova.

Dona Cida, como é chamada, é uma das fundadoras do Estrela Nova. Nasceu em Assis, interior de São Paulo, e mora no Jardim Helga há mais de 40 anos. Na época, dentre os vários problemas da região, Dona Cida destaca que a prioridade era trabalhar para tornar a comunidade unida e que apoiasse suas mães e crianças. “Começamos com 30 crianças. Cada mãe ajudava um pouco: uma trazia cebola, outra trazia alho, 2 kg de batatas, cenouras, outra trazia fubá. Assim que começamos, ali”, relembra.

Dona Cida atuou como segunda coordenadora da creche, ao mesmo tempo em que cozinhava e ajudava no berçário. Ela dava todo cuidado e toda atenção que os pequenos necessitavam, inclusive quando chegavam doentes na creche, usando seus conhecimentos com plantas medicinais para tratá-los.

A fundadora lembra-se da luta para iniciar e manter a creche em funcionamento nos dois cômodos iniciais – numa pequena casa no Jardim Helga – dividindo os afazeres desde o cadastro dos atendidos até os banhos diários. Assim como os demais moradores que iniciaram o Estrela Nova, Dona Cida batia de porta em porta nas casas da comunidade pedindo comida e utensílios para firmar o local, até mesmo em outros estados e instituições. Permaneceram assim durante um ano, de doação em doação, até o envolvimento com a prefeitura de São Paulo.

Sem estudo pedagógico, Dona Cida exalta a força e união para que as coisas acontecessem. “Nós não tínhamos estudo para cuidar de criança. Foi com nossa palavra e nossa força. Não sabíamos nada, mas fizemos tudo isso”.

Atualmente, Dona Cida acompanha de longe as atividades desenvolvidas pela organização. Além, de comparecer anualmente ao almoço dos fundadores, em ocasião do aniversário do Estrela Nova. É um momento importante de reencontros e homenagens. “Enquanto puder eu venho, porque não sei se no próximo ano ainda estarei por aqui, então tenho que aproveitar”, brinca.

De uma coisa Dona Cida tem certeza: independente de estudos, se alguém tem o desejo de realizar algo, basta ter palavra e força: “A gente precisa se jogar e correr atrás”, conclui.

O Estrela Nova agradece à Dona Cida pela grande contribuição e garra com que ajudou na fundação da entidade, que hoje completa 34 anos de atuação e apoio a tantas mães e crianças da região.

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